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sábado, 4 de dezembro de 2010

O PADRE “CRIADOR” DO PCC E DO PCP

Esta matéria foi publicada na revista Época de 28 de março de 2008
28/03 – O PADRE GUERRILHEIRO QUE “CRIOU” O PCC – PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL.
Revista ÉPOCA - Por NORMA COURI

O preso político que plantou a semente do CRIME ORGANIZADO na prisão hoje ajuda imigrantes brasileiros em Portugal.

No dia 25 de março passado, durante espetáculo comemorativo do MOVIMENTO DE 25 DE ABRIL DE 1974 – que livrou o país de meio século de SALAZARISMO, o Coliseu de Lisboa lotado cantou um hino do poeta ZECA AFONSO, a voz da REVOLUÇÃO DOS CRAVOS, com o nome “ALIPIO DE FREITAS”.

Entre 1964 e 1981, o padre Alípio de Freitas foi encarcerado, torturado e transferido 16 vezes de prisão em prisão pelo Brasil. Perdeu a nacionalidade portuguesa, a brasileira e o direito de lecionar. Quase enlouqueceu. Preso político, organizou grupos na resistência com seus companheiros e com os presos comuns que conviviam com eles nas celas. Foi essa mistura que lhe custou a fama de ser o “pai” de duas organizações criminosas que hoje aterrorizam o Brasil, o
Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital. Hoje, aos 80 anos, ele ajuda imigrantes brasileiros em dificuldades em Portugal.

Baía da Guanabara Santa Cruz na Fortaleza. Está preso Alípio de Freitas Homem de grande firmeza. Diz Alípio à nossa gente: Quero que saibam aí Que no Brasil já morreram na tortura mais de mil. Na prisão de Tiradentes Depois da greve de fome Em mais de cinco masmorras Não há tortura que o dome.

Alípio participou com Francisco Julião dos primórdios das Ligas Camponesas e foi seu último secretário-geral, em 1964.

Foi ativista nas campanhas de Miguel Arraes no Recife, amigo de fé de Paulo Freire no movimento pela alfabetização, assíduo no lendário Centro Popular de Cultura, o CPC. Soube que não vestiria mais a batina quando, às vésperas do golpe, o clero apoiou a Marcha da Família com Deus e pela Liberdade, nas ruas de São Paulo. Professor de história expulso da Universidade de Brasília, jornalista privado da carteira pelo sindicato, padre Alípio exilou-se no México. Mas sempre voltava ao Brasil, clandestino. Foi Mário, Guilherme, Carlos e tantos outros que, ao surgir um “subversivo” novo na parada, era ele que os militares apertavam, por precaução, na cadeia. Casou-se três vezes, teve uma filha, viu vários companheiros morrer, salvou outros da ordem de lamber paredes, do suicídio, do medo, da loucura. Foi condenado em dois tribunais a 150 anos de prisão; cumpriu dez. Ao ser solto, era apátrida. Começou ali a luta para conseguir de volta a cidadania brasileira, retirada por uma auditoria da Marinha. Sem emprego, foi camelô no Largo de São Francisco, no Rio de Janeiro, até que, passando por ali, o jornalista Hélio Fernandes o reconheceu vendendo camisas e deu-lhe emprego na Tribuna da Imprensa. Por fim, cansado, foi embora para Portugal. No ano passado, depois de 27 anos, ganhou uma ação de indenização contra o Estado brasileiro.



Neste ano, sairá pela editora Record o livro “O assalto ao poder e a sombra da guerra civil no Brasil”, do jornalista Carlos Amorim. Como nos dois livros anteriores da trilogia, Comando Vermelho, a história secreta do crime organizado (1993) e PCC, a irmandade do crime (2003), Alípio de Freitas vai merecer um capítulo. “Tudo o que os intelectuais queriam era resistir ao sistema penal. No meio, os presos comuns iam aprendendo a se organizar”, diz Amorim. “Depois, os intelectuais foram embora e deixaram a semente. Os outros se apoderaram.”

A mistura de presos políticos com presos comuns na ditadura era proposital. O objetivo era desvalorizar o heroísmo daqueles ao fazê-los conviver com estes. Isso permitiu a participação de criminosos comuns nas organizações criadas, muitas sob a liderança de Alípio.

A primeira, na Ilha Grande, foi a Falange Vermelha, assim chamada porque as fichas dos presos da Lei de Segurança Nacional vinham com tarja vermelha. Seus integrantes acharam que “Falange” lembrava os fascistas e mudaram o nome para Comando Vermelho. Quando o governo acordou, em 1979, já era tarde. Para complicar, os presos de São Paulo se misturaram com os do Rio de Janeiro e a convivência levou à fundação, em 1993, do Primeiro Comando da Capital.

Alípio não nega seu papel na criação desses monstros. “Tenho poder de organização. Organizo grupos por onde ando. Fiz isso em todas as prisões por onde passei. Não me arrependo.

Perguntem à polícia por que um grupo de malfeitores se apoderou na cadeia dos princípios da organização dos presos políticos. Primeiro, nos misturaram alegando que ambos assaltávamos bancos. Depois, mataram na cadeia todas as lideranças entre os presos comuns, os que estudaram conosco. Pensavam com isso desmantelar o CV ou o PCC. Mas deixaram os bandidos, a cadeia entregue à bicharada, unida à polícia corrompida.”

Alípio costuma andar sempre com seu “uniforme”, uma camiseta com a inscrição “Reforma Agrária, por um Brasil sem latifúndios”. É com essa camiseta que Alípio participou do último Fórum Social Mundial, em Belém, pouco antes de completar 80 anos. Desde que deixou o Brasil (embora faça questão de dizer: “Eu nunca deixei o Brasil”), Alípio vive em Portugal para amaciar a vida dos brasileiros. Criou a Casa do Brasil, refúgio seguro dos novos imigrantes brasileiros, que
já são 100 mil. “Agora chegam por aqui os menos abastados. Vão morar mais barato do lado de lá do Rio Tejo. Criamos então a Associação Brasil Casa Grande”, diz. Ao mesmo tempo em que leciona história da cultura brasileira na Universidade Lusófona, Alípio protege os brasileiros da acusação de terem criado uma versão do PCC em Portugal, o Primeiro Comando Português. “Pura xenofobia européia. Há uns que assaltam, outros não, mas não se pode generalizar”, diz. “Não há mesmo tortura que o dome, como cantou Zeca Afonso." Grande parte da biografia do padre Alípio de Freitas foi omitida, como na maioria das reportagens sobre os "heróis que
lutavam pela democracia e pela liberdade”.

Sobre o padre Alípio de Freitas temos mais algumas coisas a dizer que são ignoradas ou omitidas pela revista.

Primeiro, o padre Alípio militava desde 1957, portanto muito antes da Contra-Revoilução de 1964.

Com sua ligação com Francisco Julião, Alípio de Freitas esteve em Cuba, juntamente com outros militantes, em 1961, fazendo curso de Guerrilha, muito antes da Contra-Revolução.
Leiam o que diz Alexina Crespo, mulher de Francisco Julião, em entrevista ao Diário de Pernambuco de 31/03/2004: Diário de Pernambuco: Como foi o treinamento que a senhora fez em Cuba?

Alexina Crespo: Foi num campo de tiro ao alvo. Com armas, metralhadoras... Tivemos aula também sobre curva de nível, que é para você aprender atirar de morteiro (...)

Alexina: Eu conversava com ele, dizia o que nós estávamos pretendendo. Houve inclusive uma ocasião em que havia duas correntes nas Ligas, do pessoal favorável à luta armada. Uma queria dividir o Brasil assim, horizontalmente (faz o gesto com a mão, mostrando). Entre Norte e Sul. Outra que queria dividir assim, verticalmente. Esta era a que o padre Alípio (de Freitas, integrante das Ligas na época; vive hoje em Portugal) queria. A proposta dele era que assim seria possível tomar as fábricas, as montadoras de automóveis, para fazer armas (...)

Criação de sua organização: Ação Popular Um grupo de esquerda na Igreja Católica, composto entre outros, por Dom Hélder Câmara, Dom Antônio Fragoso, os padres Francisco Lago, Alípio de Freitas e pelos jovens da esquerda católica - Juventude Operária Católica (JOC), Juventude Universitária Católica (JUC) e Juventude Estudantil Católica (JEC) - divergia na forma de ação.

Os integrantes mais radicais desses grupos de jovens, impedidos de exercer atividades políticas no seu meio, se agruparam e se estruturaram dentro de novas concepções. Despertados pelo ideal da “Revolução Brasileira”, organizaram um novo grupo, que contava, em sua grande maioria, com universitários, intelectuais e artistas.

Em janeiro de 1962, em São Paulo, criou-se o Grupo de Ação Popular, portanto antes da Contra-Revolução.


Voltando de Cuba, dominando técnicas novas de guerrilha, inclusive de fabricação de bombas, o padre Alípio de Freitas, resolveu pôr em prática, o que havia aprendido nos cursos em Recife... Sete bombas abalaram a capital de Pernambuco, no primeiro semestre de 1966. Depois de tanto treinamento, uma delas, no dia 25/07/1966, em parte surtiu o efeito desejado. Em parte, porque o general Costa e Silva, alvo principal do atentado ao Aeroporto de Guararapes, viajou para Recife de carro, pois o avião que o conduzia sofreu uma pane. e ficou retido em João Pessoa.

Isso evitou uma tragédia muito maior. O aeroporto, que estava lotado de pessoas esperando o candidato à presidência da República, com o anúncio de sua chegada a Recife de carro, esvaziou o aeroporto, indo para o local onde ele chegaria. Mas, assim mesmo, o atentado surtiu efeito: deixou dois mortos e 13 pessoas feridas gravemente.

Além disso, teve uma repercussão enorme, além de ficar por anos como sendo de autoria desconhecida e, melhor ainda, muitos o atribuíam à direita.
Foi um comunista, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), que teve a hombridade de denunciar esse crime, muitos anos depois:

Jacob Gorender, em seu livro Combate nas Trevas - edição revista e ampliada - Editora Ática - 1998, escreve sobre o assunto:

“Membro da comissão militar e dirigente nacional da AP, Alípio de Freitas encontrava-se em Recife em meados de 1966, quando se anunciou a visita do general Costa e Silva, em campanha farsesca de candidato presidencial pelo partido governista Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Por conta própria Alípio decidiu promover uma aplicação realista dos ensinamentos sobre a técnica de atentados.”

“Em entrevista concedida a Sérgio Buarque de Gusmão e editada pelo Jornal da República, logo depois da anistia de 1979, Jair Ferreira de Sá revelou a autoria do atentado do Aeroporto de Guararapes por militantes da AP.

Entrevista posterior, ao semanário Em Tempo, referiu-se a Raimundinho como um dos participantes da ação.

“Certamente, trata-se de Raimundo Gonçalves Figueiredo, que se transferiu para a VAR-Palmares (onde usava o nome de guerra Chico) e morreu, a vinte sete de abril de 1971, num tiroteio com policiais do Recife.” Fica, portanto, esclarecida a autoria do atentado ao Aeroporto de Guararapes:

V Organização responsável: Ação Popular (AP); V Mentor intelectual: ex-padre Alípio de Freitas, membro da comissão militar e dirigente nacional da AP; V Executor: Raimundo Gonçalves Figueiredo, militante da AP.

Observação:

Em 25/12/2004, Cláudio Humberto, em sua coluna, no Jornal de Brasília, publicou a concessão da indenização fixada pela Comissão de Anistia, que beneficia o ex-padre Alípio de Freitas, hoje residente em Lisboa. Ele terá direito a R$ 1,09 milhão.

Em outra reportagem sabe-se que ele também foi premiado pelos seus crimes com uma pensão mensal de R$ 6.000,00.

Esse terrorista é um dos radicais que hoje são apontados como tendo agido em defesa da democracia e cujos “feitos” estão sendo recompensados pelo governo, às custas do contribuinte brasileiro, com indenizações e aposentadorias que poucos trabalhadores recebem, livre de imposto de renda, recompensa obtida graças ao trabalho de agitar o Brasil, de tentar desde muito antes da Contra -Revolução implantar uma ditadura comunista no País e matar inocentes.

E, ainda temos que agüentar ler declarações como as transcritas abaixo:

“Tenho poder de organização. Organizo grupos por onde ando. Fiz isso em todas as prisões por onde passei. Não me arrependo. Perguntem à polícia por que um grupo de malfeitores se apoderou na cadeia dos princípios da organização dos presos políticos. Primeiro, nos misturaram alegando que ambos assaltávamos bancos. Depois, mataram na cadeia todas as lideranças entre os presos comuns, os que estudaram conosco. Pensavam com isso desmantelar o CV ou o PCC*.

Mas deixaram os bandidos, a cadeia entregue à bicharada, unida à polícia corrompida.”

CV - Comando Vermelho, antiga Falange Vermelha - RJ
PCC - Primeiro Comando da Capital - São Paulo
PCP - Primeiro Comando Português

Ex-padre Alípio de Freitas

Será que com nosso suado dinheiro o governo brasileiro facilita a vida do “organizador de grupos” (como ele mesmo se define), melhor dizendo de quadrilhas, para agitar Portugal e manchar o nome dos brasileiros na Europa?

Vejam as notícias sobre o PCP:
Está Tudo Dominado Máfia das favelas entra em Portugal

"Primeiro Comando de Portugal (PCP). O clone do Primeiro Comando da Capital, fundado nos anos noventa por um grupo de prisioneiros de São Paulo, instalou-se na margem sul de Lisboa. É composto por jovens provenientes das favelas brasileiras, para quem a violência é um modo de vida. Têm hino no YouTube e agregam-se na internet, onde mostram alguns dos produtos do crime. Desafiam as autoridades e congregam o gosto pelas armas"

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